Se você assistiu A Substância, aquele filme onde Demi Moore se enche de um gel milagroso para se manter jovem e relevante, então já sabe que a vida imita a arte – ou, no caso dela, a arte apenas escancarou o que Hollywood já faz há décadas.
Demi Moore perdeu o Oscar para uma atriz novinha que interpretou uma prostituta. Parece piada? Pois é, mas não é. É apenas mais um capítulo do grande reality show da indústria do entretenimento, onde mulheres têm prazo de validade e os homens envelhecem como vinho caro.
Hollywood e Seu Gel Rejuvenescedor
O Oscar deste ano provou que a indústria do cinema é basicamente A Substância em tempo real. A diferença? No filme, Demi Moore tenta desesperadamente manter sua juventude bebendo um líquido misterioso. Na vida real, Hollywood não dá nem essa opção: se você já passou dos 40, só resta aceitar que seu convite para a festa da fama foi revogado.
Mas vamos falar do realismo mágico por trás disso tudo:
- Mulheres precisam estar impecáveis para seguir relevantes. Demi Moore, aos 61 anos, entrega uma das melhores performances da carreira – mas é ofuscada pela nova queridinha da vez.
- A juventude não é só valorizada, ela é mercadoria. Hollywood não premia apenas talento, premia frescor. E frescor tem data de validade.
- O ciclo nunca muda. Ontem era Jennifer Lawrence, hoje é a atriz de Anora, amanhã será outra. Demi Moore já foi a queridinha também. Agora, é o que? O lembrete de que ninguém escapa da máquina de moer carne da indústria.
O que A Substância escancara é exatamente isso: a obsessão da cultura pop em manter mulheres em um estado artificial de juventude, até que, um dia, não importa quantos procedimentos ou fórmulas mágicas tentem, elas simplesmente desaparecem do radar.
Demi Moore Fez Tudo Certo – E Mesmo Assim Foi Esnobada
Demi Moore jogou o jogo. Ela foi um dos maiores nomes dos anos 90. Ganhou milhões, fez filmes de sucesso, casou com Bruce Willis, virou um ícone. Depois, foi queimada viva por Hollywood quando ousou explorar sua própria sexualidade em Striptease. Foi ridicularizada, desvalorizada, empurrada para o esquecimento.
Mas ela voltou. Fez um filme que joga na cara da indústria seu próprio sexismo. Foi indicada ao Oscar. E, na hora H, foi jogada de lado mais uma vez.
O que mais uma mulher precisa fazer para ser reconhecida?
Ah, claro! Ser mais jovem.
O Machismo da “Performance Feminina Premiada”
O que torna essa derrota de Demi Moore ainda mais simbólica é a forma como Hollywood adora premiar o sofrimento feminino, desde que ele venha no corpo certo.
- Charlize Theron em Monster – feia e torturada? Oscar.
- Natalie Portman em Cisne Negro – sofrendo e magérrima? Oscar.
- A atriz de Anora – jovem e em um papel sexualmente explorador? Oscar.
Demi Moore? Mulher madura, falando sobre envelhecimento e descartabilidade? Ah, querida, obrigada por sua participação, mas já temos alguém mais jovem para receber esse prêmio.
Hollywood é a Verdadeira Substância
No filme A Substância, Demi Moore consome um líquido que a transforma em algo assustadoramente perfeito. Mas o que Hollywood realmente quer não é uma mulher perfeita – é uma mulher descartável.
Demi Moore, mesmo sem o Oscar, venceu. Porque a maior prova de resistência nesse sistema não é ganhar prêmios, é continuar existindo. E enquanto ela continuar aqui, vai lembrar a todas as novas estrelas que, um dia, elas também terão que lutar contra a máquina.
E Hollywood? Bom, essa continua sugando jovens talentos e cuspindo mulheres maduras como se fossem cascas vazias. O ciclo segue. A única dúvida é: quem será a próxima a tomar A Substância para tentar sobreviver?